Gerentes da Cesan apresentaram a deputados da Comissão de Saúde na reunião desta terça-feira (10) o programa de perfuração de poços profundos da autarquia. A iniciativa contempla comunidades rurais cujas sedes são atendidas pela companhia. A previsão é que até o final de 2022 um total de 62 pontos seja perfurado. O valor do contrato é de R$ 10.453.132,45.
O gerente de Interior-Sul da Cesan, Renato Von Randow Júnior, disse que uma das motivações para a ação foi a forte escassez hídrica que o estado viveu entre 2014 e 2016. Desde dezembro de 2020 o programa vem sendo executado e 43 poços já foram perfurados. Diferentemente dos rasos, eles têm profundidade maior (de até 100 metros) e possuem água mais limpa.
Fotos da reunião da Comissão de Saúde
“O Espírito Santo não tem um histórico muito favorável para água subterrânea”, avaliou o gerente de Interior-Norte da Cesan, Delson Destafani, com base nos resultados de estudos hidrogeológicos. No entanto, ponderou, embora a vazão dos poços não seja alta, ela atende às necessidades dessas localidades.
O programa consiste em cinco etapas: estudos hidrogeológicos e geofísicos; perfuração do poço; teste de vazão e análise da água; instalação eletromecânica; e urbanização. Renato Von Randow Júnior detalhou que alguns pontos previstos inicialmente acabaram não tendo vazão, mas outras localidades foram contempladas.
O vice-presidente da comissão, Dr. Emílio Mameri (PSDB), criticou a demora de execução. “A Cesan não consegue (...) dar uma resposta em função da precariedade dos mananciais hídricos. Ela vai precisar fazer alguma coisa. Acho que esses poços são a saída e têm sido feito. Gostaria que fossem feitos com maior velocidade”, cobrou. Delson Destefani concordou e disse que a companhia precisa avançar nessa questão.
Água e esgoto
Mameri questionou os índices de cobertura de água e de esgoto apresentados pelos convidados: 99,6% e 74% respectivamente. O gerente Renato Von Randow explicou que os dados são referentes a áreas urbanas onde a Cesan atua. “O índice de cobertura na realidade não reflete o índice de coleta 100%. Tem muitas ruas onde temos a cobertura, mas não há interligação (ao esgoto)”, disse.
Para resolver isso, os convidados salientaram que a Cesan não tem poder de polícia e pediram atuação das prefeituras municipais e do Ministério Público do Estado (MPE-ES). Eles lembram que os gastos para fazer a conexão à rede afastam as pessoas, bem como o valor das faturas mensais da autarquia responsável pelo saneamento básico em 53 cidades capixabas.
A reunião foi conduzida pelo presidente do colegiado, Doutor Hércules (Patri), que pediu mais empenho do governo do Estado em ações de educação para proteção do meio ambiente. Também esteve presente o deputado Luciano Machado (PV) e o coordenador do Núcleo Otacílio Coser da Casa, Carlos Ajur, que falou dos impactos econômicos, sociais e na saúde da população não contemplada com saneamento básico.