A CPI que apura denúncias de maus-tratos contra os animais colheu, na noite de terça-feira (8), o depoimento do suspeito de esquartejar um animal. A cadela da raça american bully foi encontrada por moradores do bairro São Patrício, na Grande Jacaraípe, Serra, no último dia 18 de janeiro. O animal foi morto supostamente por seu próprio tutor, R.C.F. Ele alegou que estava em surto na hora em que cometeu o crime.
“Eu estava dormindo. Acordei e ouvi vozes na minha cabeça. E quando vi eu já tinha feito. Eu não sei o que aconteceu para eu ter surtado a esse ponto”, depôs o dono do animal. Ele disse que, há quatro anos, desde a morte da mãe, apresenta problemas psiquiátricos e faz uso de medicamentos controlados. Inclusive, após constatar que havia matado a cadela, ele teria feito o uso de remédios em excesso e ficado internado por cinco dias.
M.M.S., companheiro do suspeito, também deu a sua versão dos fatos. Ele revelou que chegou do trabalho e encontrou o animal morto. Primeiramente, ele mentiu à CPI, dizendo que chegou à casa e encontrou o marido dormindo e a cadela viva. Mas, depois, voltou atrás e confirmou que encontrou o animal morto.
M. revelou que tomou providências para descartar o corpo do animal. “Eu cheguei em casa e vi a cena que aconteceu e pensei: temos de tirar o animal daqui. A casa estava toda coberta de sangue”, disse.
O delegado titular da Delegacia de Meio Ambiente, Eduardo Passamani, perguntou por que ele mentiu. M. respondeu: “Porque a história tem muita repercussão. E parece que nós somos culpados. Que é magia negra. O R. realmente tem surtos”, disse M.
Álbum de fotos da reunião da CPI
Ameaça
O casal V.S.B. e T.R.R., vizinhos de R. e M., ajudou no descarte do animal. Eles depuseram à CPI e contaram que não ouviram o animal ser morto, apenas escutaram quando R. começou a gritar. Segundo eles, quando chegaram à casa, viram o animal esquartejado e com a boca amarrada.
As testemunhas disseram que não foram coagidas a ajudar no descarte do animal. Mas, após o caso repercutir, V. e T. afirmaram que foram ameaçados pelo suspeito. T. disse que o tutor do animal a ameaçou dizendo que, se ele fosse preso, quando saísse da cadeia, faria mal a ela e à sua família. Tanto o casal de vizinhos quanto o companheiro de R. afirmaram que não participaram da morte do animal.
A presidente da CPI, deputada Janete de Sá (PMN), foi quem conduziu a oitiva. “Estamos levantando algumas questões que a gente foi vendo que podem fortalecer o inquérito policial. É uma tomada de depoimento de forma aberta, clara e transparente para a sociedade”, comentou a deputada.
Ela questionou a versão dada pelo suspeito: “Ninguém em surto amarra a boca do cachorro para ele não gritar”, comentou a parlamentar.
O relatório policial, juntado aos depoimentos colhidos pela CPI, pede a prisão imediata de R.C.F. por ameaça às testemunhas, além da prisão por um período de 2 a 5 anos por maus-tratos à cadela, de acordo com a Lei 9.605/1998. O relatório pede, ainda, o indiciamento de M. T. e V. por descarte inadequado de animal em via pública.
“Que a justiça seja feita. Que o senhor seja punido. Estamos pedindo de 2 a 5 anos de prisão. Não me venha com essa conversa de que surtou, porque isso não convence a ninguém. Não queira se esconder atrás de doença para fugir da justiça”, pronunciou a presidente da CPI.
O relator da CPI, deputado Dr. Rafael Favatto (Patri), esteve presente. Também participaram da reunião, entre outros convidados, a presidente da Comissão Especial de Proteção e Defesa dos Animais da OAB/ES, Marcella Rios Gava Furlan; o representante do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Celso Christo; e a representante da ONG Amigos dos Pets, Maristela Salazar.